A ética e a moral Por Adelmo Pinho
Por Adelmo Pinho
À luz da filosofia, a ética consiste no estudo dos valores morais do comportamento humano na sociedade, enquanto a moral pode ser definida como sendo as regras, costumes e convenções estabelecidas para a vida em sociedade. Quem pratica atos de corrupção contraria tanto à moral, quanto à ética.
A matança de idosos pelos familiares de povos nômades era um costume, sendo, portanto, moral, mas antiética. Octavio Paz, poeta e pensador mexicano (prêmio Nobel de literatura de 1990), é o autor da frase: “A enfermidade do ocidente, é mais do que social ou econômica, é moral”. Com razão, o poeta. Pensemos: qual o futuro de uma sociedade próspera e rica em bens materiais, se despida de valores éticos ou morais? Como poderá o ser humano viver bem em sociedade, inspirado no “Contrato Social de Hobbes”, desrespeitando o semelhante e às normas instituídas?
O Papa Francisco, numa homilia, como muita coragem, disse preferir um ateu ético, que um cristão hipócrita. Com razão, também, o santo padre. Qual a coerência de um sedizente cristão, que se põe a rezar para Deus e frequentar à missa, se a sua conduta usual é a de trapacear, de fomentar a discórdia ou de ser indiferente ao sofrimento alheio?
Para Kant, filósofo prussiano, o dever é a única motivação possível para uma ação moralmente correta. Para ele, nenhuma outra razão – como visar uma recompensa, buscar a felicidade ou agradar a Deus – serve para conduzir o comportamento humano. A ação deve ser julgada como correta pelo indivíduo, com um fim em si mesma, sem associar a algo ou a um interesse externo.
O mundo tornar-se-á melhor, se as pessoas agirem em conformidade com a ética e a moral. Talvez, assim, a política seja levada a sério, não ocorram guerras e as pessoas se tornem mais solidárias e empáticas, inclusive, respeitando a opinião alheia, sem achar que somente a sua expressa a tão enigmática verdade.
Condenar outra pessoa, por ter ideia diferente sobre o mesmo assunto, é uma atitude antiética. A soberba e a ignorância levaram ao sacrifício de Jesus Cristo e ao holocausto. Jesus, sem cometer qualquer erro ou crime, fazendo somente o bem, foi condenado à morte, por pensar diferente. Faltou ou não ética, nesse contexto?
O mundo, enfim, não é perfeito e nem seremos felizes todo o tempo, porém, podemos fazê-lo melhor para a vida em sociedade, com um agir no sentido do dever kantiano, pautado na ética e na moral.
Adelmo Pinho é promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo