34% dos fumantes aumentaram o uso de cigarro durante a pandemia
Da Redação
Farmacêutico explica a dificuldade dos dependentes em deixar de fumar e destaca a importância da ajuda profissional ao abandonar o vício
O Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no último dia 29 de agosto, tem como função alertar e mobilizar a população para os danos causados pelo uso do tabaco. Uma pesquisa recente realizada pela Fiocruz aponta que 34% dos fumantes brasileiros admitiram ter aumentado o número de cigarros fumados durante a pandemia.
Segundo o farmacêutico e docente do UniToledo Everson Stabile, a dependência de nicotina, substância encontrada no tabaco, aumenta o risco do indivíduo em contrair doenças crônicas, podendo causar quadros de invalidez ou morte. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o hábito de fumar se tornou também um fator de risco para quem se contamina com a Covid-19, já que o tabaco causa diferentes tipos de inflamação no organismo, prejudicando os mecanismos de defesa.
“O Câncer de Pulmão é um dos cânceres mais comuns no Brasil, sendo uma doença de causa silenciosa, na qual as várias substâncias tóxicas presentes na queima do cigarro favorecem o acometimento de forma lenta, porém, danosa ao tecido pulmonar com o decorrer dos anos, reforçando a necessidade de prevenir e evitar este vício. O comprometimento do pulmão pelo cigarro causa alguns sintomas, como: falta de ar, tosse excessiva com ou sem sangue e emagrecimento. Outras patologias também podem ser relacionadas ao uso do tabaco, uma delas é a inflamação do tecido de revestimento do sistema gastrointestinal, ocasionando o aparecimento de úlceras gástricas. Podemos citar também a inflamações que ocorrem na parede dos vasos sanguíneos, aumentado as estatísticas de causa de AVC (acidente vascular cerebral) e Infarto agudo do Miocárdio”, explica o professor.
A nicotina também pode influenciar no desenvolvimento do feto, em gestantes fumantes, podendo levar a nascimento de prematuros ou até mesmo a morte do bebê.
Podemos destacar também que a nicotina altera a liberação dos hormônios sexuais, bem como a diminuição do fluxo sanguíneo bombeando pelos vasos responsáveis em manter a ereção, influenciando assim na impotência sexual.
Everson diz que o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas define a ação da nicotina como um estimulante ao bom humor e à diminuição do apetite, agindo majoritariamente no Sistema Nervoso Central.
“Dessa forma, podemos dizer que, de forma lenta e gradual, o efeito da nicotina e das demais substâncias tóxicas, ingeridas pelos fumantes, causa danos sistêmicos ao organismo, como variação na pressão arterial, devido às alterações no fluxo sanguíneo e inflamações em tecidos importantes de revestimento dos órgãos”, comenta o professor do UniToledo.
Por que é difícil parar de fumar?
Segundo o INCA, a nicotina é encontrada em todos os seus derivados, como narguilé, charuto, cigarro, cigarro de palha, cachimbo ente outros, e é considerada uma droga que causa dependência por ser uma substância psicoativa.
“Ao consumir uma substância viciante, como no caso a nicotina, o cérebro libera neurotransmissores de recompensa cerebral, dentre as quais serotonina e dopamina, que fornece ao SNC (sistema nervoso central) uma sensação de grande prazer e euforia, deixando o SNC dependente desta perigosa sensação de prazer”, explica o professor.
A dificuldade do fumante em abandonar o vício, segundo Everson, está associada ao quadro de dependência gerado pela nicotina e a liberação de neurotransmissores no cérebro que são responsáveis por sensações de prazer e bem-estar, explicando as boas sensações geradas quando se fuma.
“Com a dependência, cresce também o risco de contrair doenças crônicas. Parar de fumar não é fácil. Sendo necessário a atuação de um tratamento médico eficiente, apoio psicoterápico e muita força de vontade. A dependência em nicotina é uma doença, portanto o apoio profissional especializado é fundamental”, encerra o professor.
Em quanto tempo o organismo de um ex-fumante fica limpo?
O professor do UniToledo explica que os efeitos do tabagismo são persistentes e ficam presentes no corpo por um longo período, mas afirma que os risco à saúde diminuem de acordo com o tempo sem o cigarro.
Confira como o corpo humano reage quando alguém para de fumar:
Depois de 20 minutos: os batimentos cardíacos e a pressão arterial se normalizam;
12 horas: o nível de monóxido de carbono alcança parâmetros saudáveis;
48 horas: a nicotina é eliminada, melhorando o olfato e o paladar;
72 horas: melhora a capacidade respiratória;
2 a 12 semanas: a circulação sanguínea e a função pulmonar melhoram bastante;
1 a 9 meses: a tosse e a dificuldade de respiração, típica dos fumantes, se tornam raras;
1 ano: o risco de doença cardiovascular cai pela metade;
5 anos: a chance de um acidente vascular cerebral fica próxima à de uma pessoa não fumante;
10 anos: cai para 50% o risco de desenvolver câncer de pulmão;
15 anos: o risco de câncer para o ex-fumante se iguala ao de quem nunca fumou.
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