Justiça marca para dezembro júri popular de pai que matou os filhos em Rio Preto
O crime entrou para a história de Rio Preto como um dos mais cruéis já registrados na cidade.
O zootecnista Hugo Imaizumi afirmou que cometeu o duplo homicídio para se vingar da mulher, que queria a separação. As vítimas tinham 3 e 4 anos.
Prestes a completar cinco anos de um dos crimes mais cruéis de que se tem notícia em Rio Preto, a juíza Gláucia Véspoli Oliveira, titular da 5ª Vara Criminal, marcou para o dia 2 de dezembro o júri popular do zootecnista Hugo Imaizumi que, em setembro de 2016, matou os dois filhos de 3 e 4 anos para se vingar da mulher.
A motivação do duplo homicídio, segundo apontam as investigações, foi o inconformismo com a separação. A então esposa do zootecnista já dormia em quarto separado e o homem não conseguia convencê-la a retroceder na ideia do divórcio.
De acordo com o processo, no dia do crime, Imaizumi retirou as crianças da cama da mãe, se trancou com os filhos em outro quarto e, após oferecer mamadeira com sonífero, golpeou os meninos no pescoço e no peito utilizando um canivete. Antes de tentar suicídio, o homem ainda escreveu uma carta responsabilizando a mulher pelo desfecho trágico do casamento.
Ao acordar durante a madrugada, a mãe das crianças se deparou com a cama vazia e percorreu a casa até o quarto onde dormia Imaizumi. Impossibilitada de entrar no cômodo onde estava o ex-marido, ela deu a volta por fora e abriu a janela. A cena de terror que a mãe de Augusto e Otávio viu naquele domingo, dia 25, jamais sairá de sua memória.
Para assegurar que o plano de ceifar a vida dos filhos fosse efetivo, o zootecnista ainda retirou os telefones da casa.
Desesperada, a mãe das crianças ainda correu até a UPA Tangará, unidade próxima à residência da família, mas o socorro chegou tarde demais.
Hugo foi denunciado por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas). A defesa dele, representada pelo escritório Vieira & Araújo Sociedade de Advogados, levou o processo até o Superior Tribunal de Justiça, o que postergou o julgamento, mas não conseguiu reverter os termos da pronúncia.
O promotor do caso, José Márcio Rossetto Leite, disse que não comenta processos antes do julgamento, mas afirmou que a história o abalou.
“É um caso muito pesado de se analisar, até para quem não tem filhos”, explicou.
O assassino permanece preso preventivamente na Penitenciária de Tremembé, para onde a Justiça encaminha casos de grande repercussão midiática, como os irmãos Cravinhos, Alexandre Nardoni, Limdemberg Alves e Roger Abdelmassih. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, a unidade é destinada a presos que correm risco de vida justamente em razão do clamor popular gerado pelos crimes que cometeram.
Se até a data do júri popular o Tribunal de Justiça derrubar as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, o julgamento deverá ser um dos mais requisitados por estudantes de Direito e curiosos.
Até por esse motivo, a defesa de Imaizumi requereu o desaforamento, ou seja, que o crime seja julgado em outra cidade, em razão da “dúvida sobre a imparcialidade do júri e sobre a segurança do acusado”. O pedido, no entanto, foi negado pela Justiça.
É permitida a presença de público nos julgamentos, entretanto, quando a procura é grande, o juiz titular define o critério de participação, sendo por sorteio ou ordem de inscrição.
Gazeta de Rio Preto