Em Araçatuba aumentam positivos, mortes entre jovens e internações graves; Restrição é inevitável
Da Redação
Foto Divulgação
Na tarde desta quinta-feira, a secretária municipal de Saúde, Carmem Guariente, em transmissão ao vivo pela internet, falou sobre aumento dos casos de covid 19 em Araçatuba e responde à população, com transmissão pelas redes sociais da Prefeitura, do prefeito Dilador Borges e da vice prefeita Edna flor, páginas de facebook das Secretarias de Educação, de Cultura e do Atende Fácil.
Carmem listou os serviços mantidos pela Prefeitura desde o início da pandemia e os que foram sendo implantados, bem como as tratativas desenvolvidas nas fases de evolução, mapeando as dificuldades diante da provisão de leitos, respiradores, espaços físicos e doses de vacinas, que são fatores dependentes de provisão dos governos estadual e federal para o município.
A secretária cita o monitoramento contínuo, de mais de 2000 pacientes sendo acompanhados pela equipe, que eram antes em torno de 500 e 600. “Todos que procuram o sistema de saúde são listados e notificados, orientados sobre medidas e cuidados. O Projeto Oximetria, com pacientes acima de 60 anos e com mais de uma comorbidade, é medida de grande importância, pois saber que a saturação de oxigênio baixou de 95%, reconhecer que caiu e acionar o serviço de monitoramento, atendimento domiciliar ou Samu, tem salvado vidas, pois chegam em melhor condições no hospital para ter tratamento. Temos pouco mais de 300 oxímetros e vamos implantar mais”, exemplificou.
A infectologista Heloysa Liberatori Gimaiel falou do aumento de óbitos em pacientes não idosos, população economicamente ativa e sem comorbidades. “Em janeiro aconteceu o esperado, de aumento de casos em relação às festas, de caos de alta gravidade e de óbitos. Em fevereiro se acentua, com ainda mais casos e letalidade. Mais jovens estão sendo internados e evoluindo, piorando mais rápido e com internação precoce”, relatou a especialista.
Ela ainda confirmou Informação oficial de paciente moradora de Araçatuba, que está sendo atendida em hospital privado em São Paulo, com a cepa P1, de Manaus. “Isto também confirma suspeita de algo mais grave acontecendo, assim como em todo o Estado. Hoje temos a consequência de aglomerado de pessoas, aumentaram transmissão e circulação de cepas diferentes, aumentando o risco. Logo, o aumento dos leitos não será suficiente se não barrarmos a transmissão. Para isso, imploramos a ajuda de cada um de vocês. É sentindo a transmissão que poderemos falar daqui a 15 dias” alarmou.
A situação de aumento brusco de casos confirmados e óbitos, que acontece agora em Araçatuba e região, já havia acontecido em outros locais. “Passados os últimos 14 dias, os números nos colocam em grande risco, o que vai resultar em medidas mais restritivas. Esse momento de evitar transmissão, não dá para continuar no mesmo ritmo, pois é enorme o aumento de casos e necessidade de maior tempo de internação”.
“Voltamos a falar em sintomas e que tem que procurar os serviços de saúde para acompanhamento. Não é só leito que salva vida, mas o acompanhamento para tomar medidas no tempo correto”, reforça Carmem. “A medida é ficar em casa, evitar sair sem necessidade, não sair em família e em grupos, vamos cuidar uns dos outros. Temos mantido um esforço grande da Secretaria e órgãos de saúde. Não é do dia pra noite e a região já tem dificuldade nesses recursos”.
Hospital da Mulher e mais leitos
“O HMM (Hospital Municipal da Mulher) de Araçatuba havia sido preparado para ser ‘de retaguarda’, para pacientes que saem de alta e precisam ficar estabilizados, para não ocuparem leitos na Santa Casa. Porém, agora os pacientes estão muito graves e precisam ficar no hospital que tem mais recursos. Buscamos recursos com o DRS para condições de melhor tratamento”, explicou a secretária municipal.
Carmem resumiu a conversa com a Secretaria Estadual de Saúde para provisão de mais unidades de atendimento. “O Governo viu possibilidade de aumentar 10 leitos. A Santa Casa, que é estadual, não tem equipamentos para montar os 10 leitos e o Governo viu a possibilidade de custeá-los. A Santa Casa está levantando os custos de locação e documentação para financiamento de 25 leitos e 13 de suporte respiratório, encaminhados à secretaria de Estado, fazendo possível para atender os pacientes que chegam. Quem custeia esses recursos é o Ministério da Saúde, mas não tem custeado, e enquanto isso o Estado tem assumido o custeio, possibilitando a locação para os leitos funcionarem”, detalha.
Segundo a secretária, o Governo Estadual colocou, nos prédios do AME, leitos de UTI e enfermaria, o que pode acontecer em Araçatuba, como ventilado pelo secretário de Estado. “Leitos de enfermaria podem ser colocados na Santa Casa para facilitar o manejo clínico, mas o espaço é insuficiente. Por isso, o Hospital da Mulher pode ser disponibilizado, podendo remanejar a ala clinica da Santa Casa para isso”, descreve.
“O Hospital Ritinha Prates tem agora mais de 24 leitos, mas não são leitos covid. São para pacientes de retaguarda, que precisam se restabelecer antes de ir pra casa”, explicou.
Crise e dedicação contínua
“A Covid aumentou desde o ano passado e vem aumentando, mas também aumentou muito o atendimento clinico geral de outras patologias, chegando a 500 e poucos o que antes era próximo de 100, 200, 300 casos. Estamos aguardando respostas da Santa Casa e DRS (Departamento Regional de Saúde) para nos organizarmos. As equipes são de qualidade e estamos buscando as possibilidades, mas não adianta só abrir hospital, pois temos que ter garantia de onde colocar os pacientes que entram, materiais, insumos, etc”.
Carmem comenta sobre o Pronto Socorro Municipal, que teve pessoal ampliado desde o início da pandemia e tem o quadro sendo novamente reforçado. “Nessas situações, desmobilizamos vários serviços e cirurgias eletivas e as equipes ajudam nos outros procedimentos. A UBS covid mantém-se próximos dos 80 atendimentos, mas aumentaram as coletas de PCR, exame de maior complexidade. Continuamos com serviços de vacinação, nas unidades, em domicílios e acamados. As vacinas vem em pouca quantidade e fazemos a gestão para atingir as categorias e também dar a segunda dose”, acrescentou.
A previsão ate 31 de março é de situação muito complicada, especialmente quanto a quantidade de leitos com aparelhagem, o que demanda medidas de precauções a serem respeitadas.
“Discutimos com a Educação as aulas remotas. Se não tivesse a interrupção há uma semana, estaríamos muito pior hoje. Sobre as vacinas para trabalhadores, dependemos do envio do Ministério da Saúde. A aquisição da vacina é de responsabilidade nacional e isso não foi mudado. Municípios ainda não compram vacinas”.
Priscila Cestaro, diretora da Vigilância Epidemiológica e Sanitária Municipal, destacou que estudantes residentes de cursos da Saúde foram contemplados com a vacinação, além de profissionais da linha d e frente. “Temos cerca de 9 mil profissionais da saúde, com mais 8 mil imunizados. Dependemos da disponibilização de doses para continuar. Já realizamos 16.217 da primeira dose e 7.724 da segunda. 7 mil idosos já foram vacinados”.
Carmem lembra que há limitação legal para direcionamento de recursos financeiros da Saúde. “O recurso já vem carimbado, vem com destino específico. Desde março a agosto, Município, Estado e Santa Casa custearam e o recurso do Ministério da Saúde só chegou depois de julho do ano passado. Até dezembro, acabou o recurso e o Governo Federal ainda não votou o recurso do Ministério para esse ano. Só voltou a prover com muita pressão do Estado, que tem custeado com o próprio recurso. Plano de Contingência e prestação de contas são sempre encaminhados à Câmara e conselhos”.
Priscila atualizou o total de casos confirmados em 14.972; aproximadamente 1.000 atendidos e notificados aguardando resultado,sendo que o exame PCR demora entre 3 a 4 dias úteis; 130 internados residentes em Araçatuba, sendo 88 em enfermaria e 42 em UTI, dos quais 40 usam respiradores; 332 óbitos positivos e mais 9 hoje, dos quais 6 confirmados e 3 em investigação; “A situação é bastante complicada e requer a colaboração de todos que estão assistindo”, conclui a diretora.
“As tratativas existem desde o começo, a fiscalização nunca parou, e aglomeração, se já tiver 3, 5 pessoas próximas, sem respeitar distância, já estão aglomeradas. Mantenham distância. Os locais de trabalho em que podem fazer em casa devem fazê-lo. Continuamos com nosso trabalho e estamos a disposição para dúvidas e informações, continuaremos com a live pelo menos uma vez por semana”, finalizou a secretária de Saúde.