Oncologista da Santa Casa de Araçatuba alerta:
Moradores do interior devem tomar ainda mais cuidado com câncer de pele

Foto: divulgação

Em 2023, Centro de Tratamento Oncológico da Santa Casa de Araçatuba atendeu 627 pacientes com a doença

Com o verão batendo à porta e ondas de calor cada vez mais frequentes no Brasil, o fim de ano ganha outro tom além do vermelho de Natal: o Dezembro Laranja. A campanha tem como objetivo informar a população sobre a prevenção contra o câncer de pele, o mais comum no Brasil.

O oncologista e coordenador do Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba, Fabio Alexandrino, afirma que moradores do interior de São Paulo devem tomar ainda mais cuidado com o forte sol que atinge a região, onde a intensidade dos raios ultravioleta passa de moderada à extrema de forma muito rápida.

“É o caso da região de Araçatuba. Muitos trabalhadores de áreas rurais não tinham cuidado com a proteção solar na pele. Pessoas que são expostas ao campo sem proteção tomando o sol a qualquer hora do dia estão mais propensas a desenvolver o câncer de pele. Então, a incidência do câncer na região pode ser maior”, explica.

É diante deste cenário que a prevenção e o cuidado com a pele se tornam tão importantes, principalmente no verão, estação com as maiores temperaturas do ano e que tem início no dia 22 de dezembro.

De acordo com o oncologista, a principal forma de se prevenir contra o câncer de pele é “evitar a exposição solar no horário de pico no sol, que é entre 9h30 e 16h30”. Caso a exposição seja inevitável, “é fundamental usar protetor solar com fator acima de 50 ou 60”, ressalta.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o câncer de pele não melanoma é o mais comum no Brasil (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

O Centro de Tratamento Oncológico (CTO) da Santa Casa de Araçatuba atendeu 627 pacientes de câncer de pele melanoma e não melanoma em 2023. Este tipo de câncer está entre os cinco com maior incidência nos pacientes tratados no CTO.

Na cidade, o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) é a referência do SUS para diagnóstico e tratamento. “Os casos encaminhados ao Centro de Tratamento Oncológico são somente aqueles que estão em estado avançado, grandes lesões ou os melanomas”, explica Alexandrino.

Ondas de calor

Outro fenômeno que está cada vez mais presente na vida dos brasileiros, a onda de calor é outro fator que acende um alerta para a proteção contra o câncer de pele. “O efeito estufa diminui a proteção que a Terra tem da luz solar. Com isso, temos um grau de agressividade solar na pele bem maior do que era antes. Com o tecido da pele mais exposto, você tem mais chances de desenvolvimento de uma lesão”, afirma o oncologista.

Um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra que a média de dias com onda de calor no Brasil passou de 7 para 53 nos últimos 30 anos. O fenômeno mais recente ocorreu em novembro.

Diagnóstico precoce

Além de usar e abusar do protetor solar para se proteger dos raios solares, também é fundamental ficar de olho na própria pele, que é o maior órgão do corpo e primeira defesa contra qualquer agressão externa. “A pele é mais suscetível ao desenvolvimento de patologias e o câncer é uma delas”, explica Alexandrino.

Reparar nos detalhes da pele é a principal “ponte” para o diagnóstico precoce. “É importante ficar atento às manchas e lesões que surgem na pele, principalmente se forem irregulares, coçarem, sangrarem e não cicatrizarem”, pontua o especialista.

Caso alguns desses sinais apareçam, é fundamental procurar um dermatologista para avaliar a situação e ter um diagnóstico. “Há uma maior possibilidade de cura se o tratamento começar mais rápido. Uma lesão pequena pode ser retirada apenas com cirurgia, sem a necessidade de quimio e radioterapia”, finaliza o médico.