Dono de uma papelaria, o campeão brasileiro pelo Corinthians em 2015 e com passagem marcante pelo – hoje na elite do futebol brasileiro – Bragantino explica que adicionou as novas tarefas ao cotidiano e tem uma rotina agitada de segunda a sábado. Com isso, ele vive dias muito diferentes de quando se viu deprimido e com problemas com álcool no início da suspensão.

– Recebi o convite de uma rádio da minha cidade para fazer participação no programa de esportes. O pessoal gostou e eu acabei efetivado, com um programa diário. Sou o comentarista oficial da rádio. E recebi o convite do Bandeirante também. Eles fazem transmissão dos jogos pela TV deles e me convidaram para ser o comentarista – explica o atacante, que considera que o fato de ter a experiência dentro de campo lhe dá mais credibilidade na nova função.

Como comentarista, Lincom trabalha de segunda a sábado em uma rádio de Birigui (SP) — Foto: Divulgação/Facebook

Enquanto não pode atuar profissionalmente, Lincom evita participar de partidas amadoras. Segundo ele, sempre que joga “arruma confusão” e, por isso, prefere se dedicar apenas aos comentários. Mesmo assim, ainda mira o retorno aos gramados.

Por conta da correria do dia a dia, o atacante admite que não tem tido tempo também para treinar e está fora de forma. Como a suspensão se encerra em janeiro de 2022, ele espera conseguir um novo clube para jogar a próxima temporada e pretende iniciar uma preparação em breve, mas tem dúvidas sobre como será o seu retorno ao futebol.

– É um processo que não sei como vai ser. Não sei como vão encarar minha realidade de hoje. Tenho 37 anos, não estou em forma, preciso voltar, pegar firme nos treinos. Não fiz isso porque minha vida está bem corrida.

Além de comentar futebol, Lincom administra uma papelaria que adquiriu em Birigui — Foto: Marcos Lavezo

Lincom revela que a morte do técnico e amigo Marcelo Veiga lhe afetou em dobro. Além da tristeza pela perda inesperada – Veiga morreu em dezembro do ano passado vítima da covid-19 -, ambos mantinham contato e o atacante tinha a palavra do técnico no sentido de lhe abrir as portas para voltar a jogar futebol profissionalmente.

– Tive contato com alguns treinadores, diretores e infelizmente um cara que me ajudou muito no futebol e ajudaria novamente acabou nos deixando, o Marcelo Veiga. Me encontrei com ele algumas semanas antes de ele falecer. Ele me abriria as portas no clube em que estivesse para que eu retornasse.

Lincom e Veiga trabalharam juntos no Bragantino e têm em comum o fato de serem dois dos maiores nomes do Massa Bruta: o atacante é o maior artilheiro da história do clube, com 72 gols, enquanto o técnico comandou o time em mais de 500 jogos.

Com 72 gols marcados, Lincom é o maior artilheiro da história do Bragantino — Foto: Fabio Moraes/Futura Press

“Sacanagem”

Com uma pena de quatro anos de suspensão, recursos que não foram aceitos e uma interrupção de sua atividade profissional em reta final de carreira, Lincom não mede palavras para criticar a ação dos responsáveis pelo seu julgamento. Ainda assim, não vê o episódio como o fim do seu ciclo dentro do futebol.

– Achei uma sacanagem, uma pena muito dura pelos fatos ocorridos. Não teve nenhuma trapaça, em 16 anos como profissional nunca tive problema com nada no futebol. O pessoal quis mostrar serviço, todos caras novos fazendo o julgamento. Mas o pior já passou, falta menos de um ano para estar à disposição para retornar.

Lincom foi campeão brasileiro pelo Corinthians em 2015 — Foto: Daniel Augusto Jr/ Ag. Corinthians

Quando a suspensão se encerrar, em janeiro de 2022, Lincom estará a menos de um mês de completar 38 anos. O atacante pretende começar a preparação física ainda no primeiro semestre deste ano para iniciar a próxima temporada pronto para acertar com alguma equipe para a disputa de campeonato estadual. Seu último clube antes da punição foi o Vila Nova, em 2018.