Quando Um Jornal Mente, Quem Perde São Seus Leitores e a Cidadania
Da Redação
Texto 018 News
Quando um veículo de comunicação adota a mediocridade em sua linha editoral, a tentativa vil de levar informações desconexas e, com tendência enganosa, quem padece por isso são seus parcos leitores – e no caso que narraremos aqui são, mesmo, poucos os assinantes desse impresso – e pessoas que por viés político, acabam replicando em redes sociais publicação que carece de explicação, coerência e, ao que tudo indica, verdade.
No caso em tela, o veículo de comunicação é o jornal O Liberal Regional, pertencente à família do empresário Nivaldo Franco Bueno da Rocha, que, desde o ano passado, está “mordido” com o governo municipal, muito claramente, porque deixou de publicar, a gordas quantias de reais, os atos oficiais do município. No caso, editais com decisões da administração municipal; licitações, balancetes e demais procedimentos pertinentes a qualquer gestão pública.
Tudo isso, essa implicância com a administração municipal de Araçatuba, passou a acontecer quando a Prefeitura resolveu fazer o que todo prefeito em sã consciência deve ou já deveria ter feito: implantar um Diário Oficial On-line, para que cada vez mais pessoas tenham acesso pela internet e para que o gasto com publicação em jornal impresso deixe de existir, resultando em economia.
Mas bastou a Prefeitura de Araçatuba cumprir essa regra – feito que o Congresso Nacional e governos federal e estaduais já adotaram há tempos – para que O Liberal Regional avançasse da categoria de jornal bajulador do governo municipal para algoz de quem comanda o Executivo e sua equipe.
Habitualmente, o impresso, que no geral traz a quem insiste pagar por sua assinatura um conjunto de notícias velhas, postadas no dia anterior por veículos on-line, faz questão de pegar no pé do governo municipal. Seja por um buraco de rua ou por gastos substanciais do Executivo que, para o referido veículo, sempre estão maculados, errados, ilegais.
Para quem acompanha como funciona uma administração pública e se atenta, principalmente, aos trâmites de uma licitação, sabe muito bem que, por via de regra, todo contrato superior a R$ 1 milhão de reais tem que ser comunicado ao TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo). E se algo há de errado, é obrigação deste órgão fiscalizador comunicar ao Ministério Público para que tome devidas providências.
Neste sábado (13), O Liberal Regional publicou em letras garrafais que “COM DINHEIRO DA COVID, ARAÇATUBA COMPRA CARROS E DEIXA HOSPITAL FECHADO”.
A manchete do impresso teve repercussão nas redes sociais. Passou de centena de comentários. Só que não é possível saber, de fato, quem leu a reportagem. Até porque, a maioria das pessoas acessam suas redes sociais por telefones celulares e, no geral, não possuem planos de utilização de dados que lhes permitem abrir o site do jornal e perder alguns minutos com sua leitura. O que é ruim porque acaba gerando uma cadeira de falácias desprovidas de conhecimento.
Pois bem, para quem só leu o título, é preciso explicar que, por conta da pandemia de Covid-19, Araçatuba recebeu durante o ano de 2020 cerca de R$ 10 minhões para adoção de medidas de enfrentamento à doença. Isso vai desde a compra de medicamentos; instalação de equipamentos em suas unidades de Saúde ou de urgência e emergência, como é o caso do Pronto-Socorro municipal e, principalmente, instrumentalizar suas equipes de campo para que possam visitar doentes que são acompanhados de suas casas; levar medicações e, desde que se iniciou o processo de vacinação contra o novo coronavírus, transportar equipes até as moradias destas pessoas para que elas recebam o imunizante.
Com recursos da ordem de R$ 800 mil a Prefeitura comprou 25 carros zero quilômetro. O jornal trata a compra como o “maior dos crimes” da administração municipal, mas ele próprio se desmente ao explicar o que prevê a Portaria 1.666, de 1º de Julho de 2020, publicada pelo Ministério da Saúde.
Segundo o próprio O Liberal Regional, em seu artigo 3º, a medida especifica que “os recursos financeiros serão destinados ao custeio das ações e serviços de Saúde para o enfrentamento da emergência pública decorrente da Covid-19, podendo abranger a atenção primária e especializada, a vigilância em saúde, a assistência farmacêutica, a aquisição de suprimentos, insumos e produtos hospitalares, o custeio do procedimento de tratamento de infecção pelo novo coronavírus”.
Vamos lá. Se as determinações do Ministério da Saúde preveem que os recursos podem ser usados na “atenção básica”, “vigilância em saúde” e aquisição de “suprimentos”, a compra dos referidos carros atende a uma necessidade e, graças a ela, muitos doentes que não têm condições de se locomover até as Unidades Básicas de Saúde e Pronto-Socorro, estão recebendo visitas de equipes médicas e de enfermagem que atuam no combate à Covid-19. Estão sendo tratados com dignidade em suas casas.
E pelo que se vê O Liberal Regional está perdido em sua função básica de informar. Noticiar fatos reais, de interesse da população. Até por que, a portaria usada como justificativa para um “crime escabroso” cometido pelo governo municipal não determina que o dinheiro repassado seja usado para instalar leitos de Covid-19 em hospitais públicos, como a Santa Casa, muitos menos promover a aquisição de respiradores ou até mesmo vacinas que a passos de tartaruga começam a chegar à população. Isso é compasso dos governos federal e estadual.
Sendo assim, se não tem certeza plena do que vai informar, O Liberal Regional deveria se colocar num posicionamento mais útil à população, como incentivar o uso de máscaras contra a disseminação do coronavírus; defender medidas de proteção, como uso de álcool em gel e pedir a colaboração de seus não muitos leitores para que não promovam aglomerações e que compreendam a necessidade do fechamento de estabelecimentos comerciais para diminuir a circulação de pessoas e a propagação da Covid-19.
Por fim, o que se observa com quase que uma certeza absoluta, é que O Liberal Regional bate sem dó por não aceitar a perda dos atos oficiais. E que defende a manutenção do comércio aberto porque depende da venda de publicidade para a sustentação de suas atividades enquanto veículo de comunicação.
Se for só isso, o empresário Nivaldo Franco Bueno da Rocha precisa rever seus valores. Quem o conhece, sabe muito bem que ele “se pela” de medo da Covid-19. Por isso deveria pensar mais em ajudar do que atrapalhar.
Ele é um empresário já de idade. Sabe muito bem que, nessa vida, problemas, todos nós temos. Não só no campo profissional, mas principalmente nas nossas particularidades, dentro de nossas casas, onde de fato nos despimos de nossas carapaças e mostramos de fato quem somos.
Em vez de tanto querer prejudicar, deveria colaborar. Quem sabe fazendo uma doação de dinheiro, comida ou fraldas geriátricas para pacientes da Santa Casa, que precisam de tudo isso nesse exato momento. Até pelo fato de que é comum sair da boca do próprio “seu Nivaldo”, a balbucia de que ele não depende de dinheiro de Prefeitura alguma para manter seus veículos de comunicação.
Seja exemplo, então. Pois a cada minuto, hora e dia, temos a certeza plena de que o coronavírus não escolhe suas vítimas. Muito menos se elas são ricas ou pobres. Na hora da asfixia causada pela doença todo mundo é exatamente igual. Tenha ou não dinheiro na conta bancária. A Covid-19 não é doença de pobre. Ela mata quem quer ser rico, que é rico ou muito rico também. Vide os poderosos de todo o país que tem morrido como qualquer um mesmo gastando milhares de reais nos mais renomados hospitais espalhados pelo Brasil. Essa é uma pandemia que, antes de qualquer outra coisa, veio ao mundo para nos ensinar o significado e importância da palavra igualdade. Coisa que, pelo visto, O Liberal Regional e seu dono não estão interessados em aprender ou saber.